Deixa que os outros
cantem o teu corpo
que dizem feiticeiro
e sedutor,
e, na volúpia vã do
pitoresco,
entoem madrigais à
tua dor.
Deixa que os outros
cantem teus requebros
nos passos de
massemba e quilapanga,
e teus olhos onde há
noites de luar,
e teus beiços que têm
sabor de manga.
Deixa que os outros
cantem os teus usos
como aspectos formais
da tua graça,
nessa conquista fácil
do exotismo
que dizem descobrir
na nossa raça.
Deixa que os outros
cantem o teu corpo,
na captação atónita
do viço
e fiquem sempre, toda
a vida, a olhar
um muro de mistério e
de feitiço...
Deixa que os outros
cantem o teu corpo
- que eu canto do
mais fundo do teu ser,
ó minha amada, eu
canto a própria África,
que se fez carne e
alma em ti, mulher!
Geraldo Bessa Victor
Sem comentários:
Enviar um comentário