"Morde-me com o
querer-me que tens nos olhos
querer-me que tens nos olhos
Despe-te em sonho ante
o sonhares-me vendo-te,
o sonhares-me vendo-te,
Dá-te vária, dá sonhos
de ti própria aos molhos
de ti própria aos molhos
Ao teu pensar-me
querendo-te…
querendo-te…
Desfolha sonhos teus de
dando-te variamente,
dando-te variamente,
Ó perversa, sobre o
êxtase da atenção
êxtase da atenção
Que tu em sonhos
dás-me…
dás-me…
E o teu sonho de mim é
quente
quente
No teu olhar absorto ou
em abstracção…
em abstracção…
Possue-me-te, seja eu
em ti meu spasmo e um rocio
em ti meu spasmo e um rocio
De voluptuosos eus na
tua coroa de rainha…
tua coroa de rainha…
Meu amor será o sair de
mim do teu ócio
mim do teu ócio
E eu nunca serei teu, ó
apenas-minha?"
apenas-minha?"
In Fernando Pessoa.